No fim de tarde do outono
No começo do outono, num fim tarde de sexta feira, em outro lugar em outro momento, em outra vida, mas com a mesma energia.
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- Ve..Vera ? É você prima ? - Se espantou a prima mais velha da geração dos Koplines.
Vera, com seus cabelos sempre bem ondulados e macios, e agora todos brancos e brilhosos, ouve uma voz familiar um pouco mais baixo do que costumava ouvir daquela mesma voz sempre gritante e expansiva. Olhou para trás franzindo a testa se questionando sobre a dona daquela voz potente e extravagante.
- O que ? Prima Wintney ? Que graça divina!
- Quanto tempo! Nem sabia que você havia se mudado para esta cidade também, éramos tão novas naquele fim de mundo, quanta coincidência, que mundo pequeno.
Vera, sorri com olhar sereno e responde sua prima mais velha:
- O mundo não é pequeno, não para nós humanos. Ele pode ser pequeno para o sol, para a lua, para Marte ou para Saturno, mas para nós ele é imenso, de tantas e infinitas possibilidades você está aqui e eu também estou. Acredito que a energia surfa no tempo como a poeira sob o vento. E nós somos feitas de energia e poeira, nos sacudimos por aí e ali entre tantos vendavais e carnavais, fomos e estamos sendo algo que logo mais não será mais nada que pensamos ou imaginamos ser e não seremos mais do que energia e poeira. Se tivéssemos a capacidade de calcular a probabilidade de estarmos aqui agora nos encontrando novamente, talvez entenderiamos a beleza de cada movimento de cada parte que aqui nos compõe, mas não somos seres racionais, ainda bem ficamos com a melhor parte - respirou aliviada, a prima Vera, e continuou - mas podemos sentir a divina sensação de estarmos em comunhão novamente e saborear isso é uma arte que devemos reconquistar em todos momentos maravilhosos como este.
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